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Agricultura de precisão. Novas tecnologias. Partilha de conhecimentos. Estes foram os eixos que, durante dois dias, agricultores europeus – incluindo portugueses -, agentes agrícolas, startups, Redes Rurais Nacionais, decisores políticos, autoridades de gestão, consultores e investigadores de toda a União Europeia, puderam partilhar e experienciar. A Agri Innovation Summit (AIS2017), que teve lugar a 11 e 12 de outubro, em Oeiras, pretendeu, desta forma fomentar o debate sobre a inovação e digitização na agricultura e zonas rurais, agora e após 2020.

O modelo, em formato de networking, «fora da caixa», como muitos agricultores confidenciaram ao Agronegócios, «é muito importante» para suscitar «partilha de experiências mas novas ideias».

João Coimbra, agricultor no Ribatejo e diretor da Agromais, considera que «é muito interessante este modelo, diferente daquele que a estamos habituados nas conferências».

«Isto obrigada cada um a participar mais e a não ser um mero espectador. E portanto este networking é fundamental para que conheçamos as novas tendências, saber o que cada um tem como problemas», afirmou.

Para João Coimbra, «é fundamental sair de preceitos tradicionais» já que «estamos com preços muito baixos, com uma grande competição, com os mercados abertos e se não conseguirmos cruzar informação com outros players vamos ter dificuldades».

O agricultor considera que «a tecnologia já existe, o problema são os processos e as pessoas» e a «formação dos nossos ativos». «Temos de ter uma reconversão rápida, com pessoas capacitadas para esta revolução», avisa.

Também o agricultor José Palha, também Presidente da Associação Nacional dos Produtores de Cereais, Oleaginosas e Protaginosas (ANPOC), corrobora as palavras de João Coimbra, sublinhando que constatou nesta I edição da AIS2017, «uma dinâmica de trabalho excelente».

«Há imensas iniciativas de informação aos agricultores e o modelo é sempre o mesmo, está esgotado. Esta forma inovadora de nos envolver a todos é muito positiva».

«Nós, que temos algumas dificuldades, temos que ser mais eficientes e temos de produzir mais com menos. E se não for com a agricultura de precisão e com estas tecnologias, o nosso futuro será muito cinzento», alerta José Palha.

Para o reconhecido agricultor, «a agricultura de precisão em Portugal tem feito o caminho possível. Grande parte desta tecnologia que temos a preços acessíveis é essencial pois permite-nos ter informação e conhecermos melhor as nossas parcelas».

Lopo Carvalho, jovem empresário que produz arroz e milho no Ribatejo, considera essencial «a inovação e integração destas novas tecnologias» no setor.

«Muitas delas parece que são complicadas mas não, há coisas muito simples, há sensores cada vez mais desenvolvidos, e não são tão caros como eram antigamente. Há sensores de humidade do solo, drones com preços interessantes, etc. e é bom vir aqui ver o que há de novo e como se consegue integrar isto tudo», refere.

Tudo, frisa Lopo Carvalho, para «otimizar cada vez mais a produção para combater as atuais baixas de preços do mercado».

Rui Batista, da Conqueiros Investe, é viciado em inovação e isso explica, por si só, porque não hesitou um segundo a estar presente na AIS2017.

«Procuro sistematicamente novas soluções. O mais importante é sempre a troca de ideias, já que a inovação é uma base comum entre todos os que aqui estamos», realça.

Considera que «a agricultura de precisão exige mais know how» e por isso, «na realidade voltamos hoje a uma agricultura altamente especialista».

«A informação pode ficar acessível a qualquer agricultor mas a interpretação requer formação técnica. Tendo em conta que os preços estão mais baixos, é essencial melhor gestão de recursos, ir à procura de soluções mais económicas e mais eficiência ambiental».

Patrick Lenehan, da Gemüsering Portugal, concorda com a importância deste tipo de eventos.

«Acho que o mais interessante é que as pessoas são postas num ambiente que não estariam à espera, de meios e países diferentes, e daqui nascem ideias muito interessantes».

«O método é muito interessante para gerar ideias e é um conceito inovador em Portugal que todos os agricultores necessitam», afirma.

Também Luís Mira da Silva, da INOVISA, uma das entidades que organizou o evento, disse, em declarações ao Agronegócios que, entre discussões mais operacionais e técnicas – no primeiro dia – e reflexões mais políticas – no segundo dia - «saem daqui conclusões que são de facto utilizadas pela Comissão Europeia no desenhar de políticas no quadro que aí vem».

«Ou seja, há uma preocupação da Comissão ao desenhar as políticas, de ouvir os agricultores e o setor. Neste formato inovador este modelo é uma coisa nova, já que estamos a dar voz a quem está no terreno», salienta.

AIS 2017 Startup Showcase

A Wisecrop, a Entogreen e a Farmcloud foram as grandes vencedoras do AIS 2017 Startup Showcase, concurso integrado no Agri Innovation Summit 2017, uma iniciativa conjunta de um Consórcio Português, do Governo de Portugal, da Rede PEI-AGRI e da Rede Europeia de Desenvolvimento Rural.

O objetivo deste concurso passa por oferecer às startups ligadas à inovação e tecnologia no setor agrícola, uma oportunidade de reconhecimento no ecossistema europeu de inovação.

Wisecrop - é uma plataforma eletrónica que disponibiliza aos produtores agrícolas um conjunto de indicadores, serviços e ferramentas que podem ser acedidas e/ou requisitadas remotamente para ajudar no processo de gestão diária de explorações agrícolas.

EntoGreen - sistema que utiliza insetos para converter resíduos vegetais agroindustriais em fontes nutricionais para a alimentação animal e fertilizantes para solos agrícolas.

Farmcloud - a única solução de gestão omnipresente e em tempo real para a produção pecuária.

Candidataram-se ao AIS 2017 Startup Showcase startups europeias criadas nos últimos 5 anos que desenvolveram produtos e serviços inovadores para o setor agrícola e que se encontram, pelo menos, na fase de prototipagem.

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2017-10-31
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